— Que aconteceu? Que rocha tão grande! E mexe-se… — comentou Neblina Branca.
— Olá, barquinho!
— Ah, tu falas?!
— Não sou uma rocha, tontinho, sou uma tartaruga e chamo-me Rita. E tu?
— Eu sou o Neblina Branca, um barquinho de papel a navegar à deriva.
— Queres ajuda? Eu posso levar-te na minha carapaça.
— A sério?! Que bom! Obrigada.
E Neblina Branca continuou a sua viagem, todo contente. Tinha encontrado uma amiga e uma forma de viajar mais segura.
Rita era uma tartaruga de grandes dimensões, muito generosa e simpática. Também era inteligente, navegava como se tivesse uma bússola na cabeça. No entanto, acabou por chegar a hora mais difícil, a da despedida. Rita tinha de se ir embora, pois marcara um chá com as tias. E, mais uma vez, Neblina Branca seguiu sozinho a sua viagem atribulada.
De repente sentiu frio e reparou numa espessa nuvem que cobria os céus. Branca Neblina ficou aterrorizado.
— Encalhei, em algo frio e monstruosamente grande. Que será isto? É tão grande como uma rocha! E é branca… e até mesmo gelada.
— Eu não sou uma rocha, sou o teu maior medo. Sou um iceberg – disse a rocha gigante com ar zangado.
Neblina Branca, ao ouvir tal coisa, lutou ferozmente pela vida e conseguiu escapar, soltando um grito triunfal.
Cansado, adormeceu, vagueando pelos mares do Atlântico e do Índico. Mais tarde Neblina Branca acordou sobressaltado, e deu um salto atarantado.
— Que barulheira! Baixem a música! Que falta de respeito. Não conseguem ver que estou a dormir… Onde estou?! Quem é esta gente? E porque estão todos a olhar para mim?
A criançada, em especial, estava extasiada a observar o barquinho de papel, algo nunca antes visto, nesta ilha distante que é o Havai.
Uma mão carinhosa e ternurenta pegou nele com muito cuidado e disse:
— És o barquinho mais bonito com que eu já poderia ter sonhado! Que aventuras trazes para me contar?
E assim começou uma nova jornada do Neblina Branca.
Carolina Valentim, 5.º A
(E.B. de Vila Praia de Âncora) [criação original a
partir da leitura de um excerto da obra A máquina de fazer palavras, de
José Vaz]