Palavras com Sabor

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A casa abandonada [da Carolina]

Joaquim lembrou-se, em seguida, de um mapa que o tetravô lhe tinha deixado com a planta da casa. Só faltava o caminho. Maria foi ver à net e encontrou o que pretendia. Mal recolheram as informações todas, dirigiram-se para lá. Pelo caminho tremiam que nem varas verdes. Estava uma noite terrível, caía granizo do tamanho de almôndegas e as árvores, fustigadas pelo vento, deitavam-se sobre as estradas.
Quando chegaram à casa assombrada, o Joaquim, visivelmente aterrorizado, balbuciou:
– A casa é si-nis-nis-tra e mis-ter-ter-iosa…
Maria, mostrando-se valente, desdenhou do medo do irmão:
– És um medricas! Pareces uma galinha alvoroçada por uma raposa.
– Não go-zes-zes – pediu ele com ar sério.
– Mas já chega de tagarelar, vamos ao trabalho! – ripostou ela com o seu ar sensato.
A missão é descobrir o tesouro.
Maria e Joaquim entraram na casa o mais silenciosamente possível, sustiveram a respiração e caminharam em bicos de pés. Apercebendo-se de que a casa estava vazia, respiraram de alívio.
Maria, com o coração aos pulos, inicia a sua missão, deliciada com o que via: pratas resplandecentes adornavam mobílias lindíssimas do século XV, ao fundo um toucador digno de uma princesa.
Maria detém-se a olhar fixamente nessa direção e sussurra para Joaquim:
– Joaquim, olha para cima do toucador.
Joaquim olha, olha, olha, e na sua ignorância desdenha:
– Maria, viemos à procura do tesouro, não de patetices de meninas. Escolhe outro dia para te maquilhares.
– Dizes bem, mas vou fazer-te uma simples pergunta. Como me vou maquilhar sem um espelho?
João olha espantado e curioso para o sítio onde deveria estar o espelho e, incrédulo, responde:
– Maria é um quadro, e deveria ser um espelho!
Os dois irmãos dirigiram-se na direção do quadro, explorando à sua volta e descobrindo que este tapava um pequeno cofre que continha uma caixinha cheia de reais (moedas medievais). Maria e Joaquim ficaram desiludidos com a sua descoberta, ignorando o seu valor. Zangados, atiraram as moedas ao lago. E, cabisbaixos, dirigiram-se para casa…

P.S.: Diz-se que o lago, em dias de sol, tem reflexos resplandecentes! O que será?
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Carolina Valentim, 5.º A (E.B. de Vila Praia de Âncora)

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