Palavras com Sabor

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Neblina Branca [da Carolina]

— Força, força! Não se deixem vencer por essas ondas gulosas. Oh! Desapareceram todos, deixaram-me sozinho. Oh, que tristeza a minha… O Mar, sensibilizado com tamanha tristeza do Neblina Branca, acalmou a violência das suas ondas. Neblina deslizou suavemente e, subitamente, tudo parou:
— Que aconteceu? Que rocha tão grande! E mexe-se… — comentou Neblina Branca.
— Olá, barquinho!
— Ah, tu falas?!
— Não sou uma rocha, tontinho, sou uma tartaruga e chamo-me Rita. E tu?
— Eu sou o Neblina Branca, um barquinho de papel a navegar à deriva.
— Queres ajuda? Eu posso levar-te na minha carapaça.
— A sério?! Que bom! Obrigada.
E Neblina Branca continuou a sua viagem, todo contente. Tinha encontrado uma amiga e uma forma de viajar mais segura.
Rita era uma tartaruga de grandes dimensões, muito generosa e simpática. Também era inteligente, navegava como se tivesse uma bússola na cabeça. No entanto, acabou por chegar a hora mais difícil, a da despedida. Rita tinha de se ir embora, pois marcara um chá com as tias. E, mais uma vez, Neblina Branca seguiu sozinho a sua viagem atribulada.
De repente sentiu frio e reparou numa espessa nuvem que cobria os céus. Branca Neblina ficou aterrorizado.
— Encalhei, em algo frio e monstruosamente grande. Que será isto? É tão grande como uma rocha! E é branca… e até mesmo gelada.
— Eu não sou uma rocha, sou o teu maior medo. Sou um iceberg – disse a rocha gigante com ar zangado.
Neblina Branca, ao ouvir tal coisa, lutou ferozmente pela vida e conseguiu escapar, soltando um grito triunfal.
Cansado, adormeceu, vagueando pelos mares do Atlântico e do Índico. Mais tarde Neblina Branca acordou sobressaltado, e deu um salto atarantado.
— Que barulheira! Baixem a música! Que falta de respeito. Não conseguem ver que estou a dormir… Onde estou?! Quem é esta gente? E porque estão todos a olhar para mim?
A criançada, em especial, estava extasiada a observar o barquinho de papel, algo nunca antes visto, nesta ilha distante que é o Havai.
Uma mão carinhosa e ternurenta pegou nele com muito cuidado e disse:
— És o barquinho mais bonito com que eu já poderia ter sonhado! Que aventuras trazes para me contar?
E assim começou uma nova jornada do Neblina Branca.

Carolina Valentim, 5.º A (E.B. de Vila Praia de Âncora) [criação original a partir da leitura de um excerto da obra A máquina de fazer palavras, de José Vaz]

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Um barquinho [da Camila]

 O barquinho continuou a navegar pelo mar fora. Sentia-se mal por estar sozinho, mas também contente por ter sido o único dos barquinhos a ter sobrevivido. Pensava em tantas coisas ao mesmo tempo que parecia que a sua cabeça ia rebentar. Pensava nos amigos, no que lhe estava a acontecer e no que o dono podia estar a fazer.
Navegou, navegou, até que avistou um submarino. Entrou nele, pois estava ligado, e foi até ao fundo do mar. Enquanto tentava descobrir como se controlava o submarino avistou uma gruta.
Foi em direção a ela. Entrou, receoso, e parou para espreitar. Na gruta não via ninguém. Avançou, cautelosamente… O ouro e as joias saltavam-lhe aos olhos por serem tão brilhantes. No fundo da gruta notou que existiam uns pozinhos brilhantes que lhe pareciam pontas muito afiadas.
Curioso, aproximou-se mais um bocado. Vislumbrou uma luz pequena e radiosa. A sua curiosidade foi aumentando e Neblina Branca aproximou-se do local que pretendia, reparando que era um Xarroco.
Com medo, interrogou-se:
– Será que morri e agora estou a so-so-sonhar? Ou será realidade?
De repente o Xarroco acorda e pergunta:
– O que estás aqui a fazer?
– Eu-eu? Na-na-da! Por-por-por-quê?
– Porque ninguém entra aquiiiii! – respondeu o Xarroco ao Neblina Branca, enquanto nadava atrás dele.
Neblina Branca tentou fugir o mais rápido que podia, mas não conseguiu. O Xarroco apanhou-o.
– Ah! Ah! Ah! – riu-se o Xarroco com uma sonora gargalhada. – Já te apanhei! Não consegues fugir!
– Por favor! Não me comas! – implorou o barquinho enquanto perdia os sentidos.
Neblina Branca ficou assim durante algum tempo. Quanto ao certo, nunca soube. A determinada altura, começou a ouvir uma voz fininha, que parecia estar muito distante.
– Barco! Barco! – gritava um peixinho ao Neblina Branca.
– Onde é que eu estou? Quem és tu? – perguntou o barquinho, todo baralhado, enquanto ia recuperando lentamente a consciência.
– Eu sou a Nicoleta!
– És muito bonita! –balbuciou o Neblina Branca ao ver Nicoleta.
Nicoleta era um peixe fêmea. Tinha o corpo azul-marinho e as suas guelras eram roxas e brilhantes.
– Tu deves ser a “peixinha” mais bonita e simpática que eu já vi!
– Eu não me quero gabar, mas na minha zona chamam-me “Miss Simpatia” e “Miss Solidária”!
– Onde é que eu estou? – insistiu o peixinho.
– Estás no Canadá!
– Mas como é que eu vim cá parar?
– Não sei! Eu vi-te a navegar e achei estranho, por isso vim até aqui. Tentei acordar-te, mas não consegui. Depois fiz-te respiração boca-a-boca e acordaste.
– Ainda bem que viemos para este país! – exclamou o “Neblina Branca”. – Vamos para Toronto.
– Ok! Eu gosto de falar inglês, por isso vamos!
Chegaram a Toronto e vislumbraram um lago. Foram até lá e repararam que iam fazer uma regata.
A Nicoleta, muito entusiasmada, exclamou:
– Vamos participar!
– É claro! Quem é que perdia uma coisa tão fixe?
Então eles os dois seguiram os outros barcos. Passaram pelo Starbucks, onde beberam um chocolate quente, e por um canil, até que foram parar ao mar.
Chegaram ao alto mar, mas viram um remoinho.
– O que é aquilo? – assustou-se o “Neblina Branca”.
– Não sei!
Subitamente, o Neblina Branca foi sugado para o remoinho.
– Socorro! – gritou o barco para a Nicoleta.
A Nicoleta foi socorrer o “Neblina Branca”. Puxou tanto, tanto, mas tanto, que conseguiu.
– Fogo! Já estava a ver a luz ao fundo do túnel! – gozou ele com o que tinha acabado de acontecer.
– Não sejas parvo! – repreendeu-o a Nicoleta por estar a gozar com aquela situação. –Podias ter naufragado!
– Ainda bem que nos safámos desta!
Enquanto “Neblina Branca” dizia isto, avistaram um barco grande a virar-se sobre eles.
– Mas o que é aquilo?
– Parece-me o Titanic! – gritou “Neblina Branca”.
O barco virou por cima deles e o barquinho naufragou e desfez-se. Nicoleta morreu com um ataque do coração, por causa do susto.
A partir desse dia, nenhum barquinho nem nenhum peixinho voltaram a navegar até à Gronelândia.

Camila Neto, 5.º A (E.B. de Vila Praia de Âncora) [criação original a partir da leitura de um excerto da obra A máquina de fazer palavras, de José Vaz]

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A casa assombrada [da Inês Malheiro]

Os meninos continuaram o seu caminho até que Joaquim, apercebendo-se da lonjura da casa, pediu docemente a Maria que voltasse atrás para ir buscar os utensílios de acampamento.
Maria obedeceu ao irmão. Quando voltou, pôs-lhe a tenda  às costas e encolheu-se assim que um bando de pássaros saiu ruidosamento da copa de um árvore, que erguia os seus ramos como se fossem os braços de um monstro.
– Corre, Maria! – gritou Joaquim.
Os dois imãos correram velozmente em direção ao coração do bosque até que Joaquim travou, dando-se conta de que estavam perdidos.
Maria soluçou, chorando, mas parou assim que ouviu passos. Joaquim adotou uma posição defensiva, mas acalmou-se quando viu quatro jovens: Camila, Liliana, Inês e Gonçalo.
Os jovens ajudaram as crianças a encontrar o tesouro e, quando abriram o baú, descobriram uma carta onde estava escrito “A amizade é o maior tesouro!”.

Inês Malheiro, 5.º A (E.B. de Vila Praia de Âncora) [criação original a partir de um excerto da obra O Sol e o Menino dos Pés Frios, de Matilde Rosa Araújo]

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Neblina branca [da Inês Lomba]

No mar alto, o barquinho Neblina Branca, sozinho, pensava no seu dono, nos seus antigos amigos e no que lhe iria suceder.
Estava triste e desanimado. Sentia uma solidão enorme no coração, mas, ao mesmo tempo, considerava-se valente e corajoso por ter conseguido sobreviver a tudo o que lhe aconteceu.
Foi navegando no mar e houve um momento em que um polvo apareceu e lançou uma tinta roxa que invadiu os olhos do barco e que, por alguns instantes, o deixou sem ver nada. Nesses instantes o polvo tentou comê-lo, mas, de repente, apareceu um golfinho que, sem saber quem ele era, salvou o barco e o polvo não o conseguiu comer. Com medo o polvo fugiu.
Passado um bocadinho, o barco abriu os olhos e ao seu lado estava o golfinho que o salvou.
O golfinho tinha um sorriso como o Neblina Branca nunca antes vira, tinha uns olhos brilhantes, reluzentes, perfeitos, amorosos… tinha um corpo azul… O golfinho era lindo, verdadeiramente indescritível.
– Olá! – cumprimentou o golfinho. – Estás melhor?
– Sim, obrigado! Mas... Quem és tu?! – perguntou o barco espantado.
– Fui eu quem te salvou do polvo.
Foram conversando ao longo da viagem, empurrados por uma brisa suave, até que, subitamente, uma tempestade se aproximou e a maré, muito forte, levou o barquinho, que estava cansado de mais para contrariar a força da corrente. Mas o golfinho manteve-se sempre atrás dele, até chegarem a uma terra que ele desconhecia.
Olharam à sua volta e viram um barco muito grande, que na sua face lateral tinha escrito Paris. O barco e o golfinho pensaram logo que estavam nessa cidade, Paris.
De repente um homem pega no Neblina Branca e leva-o consigo.
O golfinho gritava:
– Não, não! Deixe-o em paz!
– Amigo! – chamava o Neblina Branca, suplicando por ajuda.
O golfinho foi-se embora, triste, sem esperança de encontrar um amigo igual ao barquinho.
Quanto ao Neblina Branca, o homem deu-o ao seu filho, que era bebé. Escusado será dizer que o bebé rapidamente o rasgou.
E é assim. Muitas vezes isto acontece na vida real, perder um amigo por causa de uma pessoa que não respeita os laços de amizade dos outros. 

Inês Lomba, 5.º A (E.B. de Vila Praia de Âncora) [criação original a partir da leitura de um excerto da obra A máquina de fazer palavras, de José Vaz]

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Casa Abandonada [do David]

E começaram a andar, um passo de cada vez, em pontinhas de pés.
Subiram as pequenas escadas da entrada, que faziam muito barulho, abriram a porta e entraram. Estava tudo sujo, típico de uma casa abandonada, até parecia que tinha passado lá dentro um furacão.
– Mas que horror! – exclamou a Maria.
– Eu sei, Maria, espero bem que esteja aqui um tesouro… – continuou o Joaquim.
De repente a porta fechou-se, como se nunca tivesse estado aberta. Mas como eles não acreditavam em bruxas, não se intimidaram. Foram à procura do tesouro, mas em vão… Começou a anoitecer e o vento, ao atravessar os galhos das árvores, fazia um som amedrontador “oooh”.
Amanheceu. Acordados toda a noite, não por causa do ruído amedrontador, mas por causa do frio, o Joaquim e a Maria desistiram de procurar o tesouro e começaram a ficar com fome. De repente uma mulher de longos cabelos doirados como o sol, e de lindos olhos azuis como o mar, entrou na casa e, vendo as crianças com fome, nem hesitou, deu-lhes de comer.
Eles não sabiam, mas a mulher era uma bruxa. Passaram alguns dias e, sem se aperceberem de nada, ela estava a engordá-los, mas logo que ela achou que estavam bem gordinhos prendeu-os na cave para não fugirem.
Estando eles naquela situação, a Maria perguntou ao Joaquim:
E agora, como é que vamos fugir?
E o Joaquim, sem querer dar a impressão de estar assustado, disse:
Alguma coisa havemos de pensar… – e enquanto dizia isso, começou a procurar um sítio por onde escapar.
Mas, Joaquim, está tão escuro! – insistiu a Maria. – E a única saída é a porta por onde entrámos.
O Joaquim, no meio daquela escuridão, começou a apalpar as paredes e ao fundo da cave pisou uma coisa mole que parecia ser areia. Baixou-se, pôs a mão no chão, fê-la deslizar suavemente para a esquerda e para a direita, enterrando de seguida os dedos na areia, e perguntou:
– Maria, há aqui um buraco no chão cheio de areia! E se escavássemos um buraco por baixo da parede para fugirmos?
– Boa ideia – concordou a Maria.
E eles puseram logo as mãos ao trabalho. Ao fim de algum tempo encontraram uma coisa dura, que parecia ser uma caixa, mas no meio daquela escuridão não conseguiram perceber de imediato que era o tesouro. Continuaram a cavar até que o Joaquim disse:
– Maria, encontrámos o fundo da parede agora só falta cavar para o outro lado.
Algum tempo depois, a bruxa decidiu ir lá buscá-los para os comer, mas percebeu que Maria e Joaquim já tinham fugido para sua casa, pois os seus pais já estavam preocupados há muitos dias.
Conversando sobre o assunto, Maria e Joaquim acabaram por perceber que, muito provavelmente, durante a sua fuga, chegaram a encontrar a caixa do tesouro. No entanto, nenhum deles quis lá voltar, nem nunca mais voltaram a falar desse assunto...

David Mendanha, 5.º A (E.B. de Vila Praia de Âncora) [criação original a partir de um excerto da obra O Sol e o Menino dos Pés Frios, de Matilde Rosa Araújo]