Palavras com Sabor

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Casa Abandonada [do David]

E começaram a andar, um passo de cada vez, em pontinhas de pés.
Subiram as pequenas escadas da entrada, que faziam muito barulho, abriram a porta e entraram. Estava tudo sujo, típico de uma casa abandonada, até parecia que tinha passado lá dentro um furacão.
– Mas que horror! – exclamou a Maria.
– Eu sei, Maria, espero bem que esteja aqui um tesouro… – continuou o Joaquim.
De repente a porta fechou-se, como se nunca tivesse estado aberta. Mas como eles não acreditavam em bruxas, não se intimidaram. Foram à procura do tesouro, mas em vão… Começou a anoitecer e o vento, ao atravessar os galhos das árvores, fazia um som amedrontador “oooh”.
Amanheceu. Acordados toda a noite, não por causa do ruído amedrontador, mas por causa do frio, o Joaquim e a Maria desistiram de procurar o tesouro e começaram a ficar com fome. De repente uma mulher de longos cabelos doirados como o sol, e de lindos olhos azuis como o mar, entrou na casa e, vendo as crianças com fome, nem hesitou, deu-lhes de comer.
Eles não sabiam, mas a mulher era uma bruxa. Passaram alguns dias e, sem se aperceberem de nada, ela estava a engordá-los, mas logo que ela achou que estavam bem gordinhos prendeu-os na cave para não fugirem.
Estando eles naquela situação, a Maria perguntou ao Joaquim:
E agora, como é que vamos fugir?
E o Joaquim, sem querer dar a impressão de estar assustado, disse:
Alguma coisa havemos de pensar… – e enquanto dizia isso, começou a procurar um sítio por onde escapar.
Mas, Joaquim, está tão escuro! – insistiu a Maria. – E a única saída é a porta por onde entrámos.
O Joaquim, no meio daquela escuridão, começou a apalpar as paredes e ao fundo da cave pisou uma coisa mole que parecia ser areia. Baixou-se, pôs a mão no chão, fê-la deslizar suavemente para a esquerda e para a direita, enterrando de seguida os dedos na areia, e perguntou:
– Maria, há aqui um buraco no chão cheio de areia! E se escavássemos um buraco por baixo da parede para fugirmos?
– Boa ideia – concordou a Maria.
E eles puseram logo as mãos ao trabalho. Ao fim de algum tempo encontraram uma coisa dura, que parecia ser uma caixa, mas no meio daquela escuridão não conseguiram perceber de imediato que era o tesouro. Continuaram a cavar até que o Joaquim disse:
– Maria, encontrámos o fundo da parede agora só falta cavar para o outro lado.
Algum tempo depois, a bruxa decidiu ir lá buscá-los para os comer, mas percebeu que Maria e Joaquim já tinham fugido para sua casa, pois os seus pais já estavam preocupados há muitos dias.
Conversando sobre o assunto, Maria e Joaquim acabaram por perceber que, muito provavelmente, durante a sua fuga, chegaram a encontrar a caixa do tesouro. No entanto, nenhum deles quis lá voltar, nem nunca mais voltaram a falar desse assunto...

David Mendanha, 5.º A (E.B. de Vila Praia de Âncora) [criação original a partir de um excerto da obra O Sol e o Menino dos Pés Frios, de Matilde Rosa Araújo]

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