Palavras com Sabor

domingo, 3 de junho de 2012

As aventuras do Neblina Branca [da Mariana]

Era uma vez um barquinho que tinha participado numa regata. Todos os seus companheiros tinham naufragado, só ele se salvou. Mas o Neblina Branca estava tão triste que preferia ter naufragado com os seus amigos.
Eu já não sei para onde vou, alguém que me ajude…! – implorava, gritando o barquinho.
Passaram-se semanas… meses… e o barquinho continuava navegando sozinho e sem rumo. Até que um dia foi contra um iceberg… Abriu os olhos e avistou imensos blocos de gelo. Sentiu ainda que o clima, nesse lugar, era muito frio.
De repente, ele avistou uma baleia azul que ia a todo o vapor na sua direção!
O barquinho, com o susto, ficou paralisado. Só se salvou porque veio muito vento, que, subitamente, o arrastou para fora da boca da baleia. A baleia azul ficou chateada, pois estava com fome e perdera o seu almoço. Por causa dessa deceção, a baleia azul optou por ir procurar alimento noutro sítio.
O barquinho andava naufragado, outra vez, pelo mar Antártico. Olhou em sua volta e a única coisa que ele viu foi um arminho. Tinha a pelagem branca, era macho, e era pequeno e fofinho.
O barquinho estava contente e ao mesmo tempo assustado, era uma mistura de sentimentos. Ele não sabia se devia ir ter com ele ou não, pois o arminho podia ajudá-lo e, na pior das hipóteses, também o podia rasgar ou comer.
Mas o barquinho acabou por não ter tempo de escolher, o arminho foi ter com ele e perguntou-lhe:
O que é que um barquinho de papel está aqui a fazer? Precisas de ajuda? – perguntava inquietantemente o arminho.
Sim, preciso de ajuda. Estou perdido, não sei onde estou! – dizia aflito o barquinho.
Bem, quanto ao estares perdido, não te posso ajudar. Mas se queres saber onde estamos, bem, estamos na Antártida! – respondeu o arminho com orgulho por poder ajudar.
Muito obrigado, mas tu não és daqui, pois não? – perguntou o barquinho, que já se tinha apercebido que o arminho ia passar a ser o seu melhor amigo.
Não, não sou daqui, eu estou com uma tripulação que, por acaso, está mesmo a embarcar. Já sei! Queres vir comigo e com a minha tripulação? – perguntou o arminho entusiasmado com a ideia de ter um novo membro na tripulação.
OK, mas para onde é que a tua tripulação pensa ir? – interrogou-se o barquinho.
Bem, nós pensamos ir para a América do Norte, mais exatamente para o Canadá – respondeu o arminho.
Tripulação, todos a bordo! – gritou o capitão.
Credo, que susto! Este capitão assusta-me sempre – resmungou o arminho. – Então, vens ou não, barquinho?
Claro, entre ficar aqui a morrer de hipotermia a ir contigo à aventura é óbvio que escolho ir contigo! – exclamou o barquinho.
É assim mesmo, gosto de marujos corajosos! – dizia o arminho para o barquinho ouvir.
E lá foram os dois. O arminho tirou o barquinho da água gelada e correu para o barco com o barquinho nas patas.
A tripulação juntou-se e deu as boas vindas ao barquinho. No princípio o barquinho ficou envergonhado, mas depois correu tudo bem, até ao dia em que veio uma tempestade enorme e com trovoada. O barquinho, coitado, só ouvia o capitão a gritar:
Venham cá para dentro… Fechem o convés…
Assustado, o barquinho perguntou ao arminho o que é que se estava a passar:
Mas o que é que se passa, arminho? Vamos ao fundo, como o Titanic?
Não, nada disso. Aqui ninguém vai ir ao fundo, vai ficar tudo bem… – com a intenção de tranquilizar o barquinho, o arminho tentava que ele acreditasse que ia ficar tudo bem.
A tempestade era enorme, os trovões barulhentos, era assim a tempestade. O barco andava de onda em onda e tudo no convés abanava. Era a segunda aventura do barquinho, mas muito mais violenta do que a primeira. Cansado, o barquinho fechou os olhos e assim se manteve durante horas, temendo que aquela noite nunca mais acabasse, ou que tivesse ali um triste fim.
Acordou, depois, com umas gotas, incómodas, a caírem-lhe na proa. Já era de manhã e a tempestade tinha passado, os trovões tinham evaporado, e as ondas grandes tinham acalmado. O capitão exclamou, então:
Estamos em terra!
A tripulação, agitada, gritou:
Éééééééééhhhhhhhhhhhh…
O barquinho estava supercontente. Quer dizer, ganhou um amigo. Ia estar sempre com ele e ia viver uma aventura no Canadá.
Só que… Má escolha… Naquele país as pessoas estavam à caça de arminhos, por causa da sua pele maravilhosa. Pobre arminho…
Aaaaahhhhhhh… Não, ele não morreu! O barquinho, o capitão e os tripulantes foram embora a tempo. Mas não foram de barco, o capitão foi para o Alasca, onde não se caçam arminhos. Foi para lá de charrete.
E foi lá que o barquinho, o arminho e o capitão passaram o resto das suas vidas e o barquinho teve a oportunidade de assistir a três casamentos, o do arminho com a arminho, a do capitão Barte Lomeu com a cozinheira Isolda e, é claro, o seu casamento: “NEBLINA BRANCA” + “NEBLINA NEGRA”. E estes três casais viveram felizes para sempre.

Mariana, 5.º A (E.B. de Vila Praia de Âncora) [criação original a partir da leitura de um excerto da obra A máquina de fazer palavras, de José Vaz]

1 comentário:

  1. O meu blogue foi precisamente inspirado nesse barquinho.

    neblinabranca.blogspot.com

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